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Câmara aprova PEC que proíbe aposentadoria compulsória como punição a juízes

09 de junho de 2022

Em 15 anos, 73 juízes foram aposentados, após cometerem crimes, ganhando R$38 mil por mês

Câmara aprova PEC que proíbe aposentadoria compulsória como punição a juízesDeputado Kim Kataguiri, relator da PEC – Foto: Agência Câmara

Aposentadoria compulsória é a punição máxima imposta a magistrados, que seguem recebendo salário. Texto segue para comissão especial e também amplia situações de perda do cargo.

A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados deu aval nessa quarta-feira (8), por 39 votos a 2, à tramitação da proposta de emenda à Constituição (PEC) que proíbe a aposentadoria compulsória como punição máxima a juízes.

Atualmente, a aposentadoria compulsória é a pena máxima administrativa imposta a magistrados que infringem a lei, e os juízes seguem recebendo salário.

Com a decisão da CCJ, o projeto seguirá para análise de uma comissão especial, que poderá fazer alterações.

A Comissão de Constituição e Justiça analisou somente a chamada "admissibilidade" da PEC, ou seja, verificou se o texto atende aos requisitos legais e regimentais. Não houve discussão sobre o mérito (conteúdo) da proposta.

Por se tratar de PEC, a proposta só será aprovada pela Câmara se obtiver o apoio mínimo de três quintos dos deputados (308 dos 513), em dois turnos de votação. Se aprovada, seguirá para o Senado, onde será submetida novamente a dois turnos e precisará receber apoio de ao menos 49 dos 81 senadores.

Entenda a proposta

A proposta altera um dispositivo da Constituição para prever que a aposentadoria dos magistrados "em nenhuma hipótese terá caráter disciplinar".

Além disso, a PEC modifica o artigo constitucional que trata das proibições aos juízes para explicitar que, em caso de descumprimento, eles estarão "sob pena de perda de mandato".

A Constituição define atualmente que aos juízes é proibido exercer outro cargo ou função fora do magistério; receber custas ou participação em processos ou contribuições de pessoas físicas, entidades e empresas; dedicar-se à atividade político-partidária; e exercer advocacia no juízo do qual se afastou há menos de três anos.

Se a PEC for promulgada pelo Congresso, todas essas violações poderão ser punidas com a perda de mandato. A proposta acrescenta uma nova proibição: atentar contra a dignidade, a honra e o decoro de suas funções.

Pelo texto, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) terá também a competência de decretar a perda do cargo de membros do Poder Judiciário.

Argumentos dos parlamentares

O autor da PEC, deputado Rubens Bueno (Cidadania-PR), afirma argumenta que a perda de mandato de um magistrado vitalício só é dada como punição por decisão transitada em julgado, por ação penal por crime comum ou de responsabilidade.

Essa punição só é aplicável em processos administrativos quando o juiz ainda não adquiriu a vitaliciedade.

"No âmbito administrativo, a punição mais grave a que se pode submeter o juiz corrupto ou ímprobo é a aposentadoria compulsória", escreve Bueno.

"Ressaltamos que a possibilidade de decretação da pena de perda do cargo administrativamente, assegurada a ampla defesa, não constitui afronta à independência do magistrado, ao qual é sempre resguardado o direito de levar a apreciação judicial qualquer lesão a direito subjetivo", acrescenta.

O que diz o relator

Ao apresentar o parecer sobre o tema, o relator, Kim Kataguiri (União Brasil-SP), argumentou que a alteração não irá prejudicar os "bons juízes".

"O que nós estamos determinando aqui é que o próprio Judiciário, via CNJ, instância administrativa do Poder Judiciário, possa punir os juízes, os maus juízes. Os bons juízes não perdem nada com isso", disse o relator.

Valedoitaúnas (g1)



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