Cachoeiro no ES já construiu torre que ‘fazia chover’ para diminuir temperatura na cidade
14 de dezembro de 2023Estrutura erguida no Centro de Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo, tinha 33 metros de altura e foi construída em 1992 pelo então prefeito Theodorico Ferraço para amenizar as altas temperaturas
Torre que ''fazia chover'' foi construída em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do ES, em 1992 – Foto: Reprodução
O calorão que atinge alguns estados do Brasil não é novidade para os moradores de Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo. A cidade, que já é conhecida pelo calor intenso, tentou driblar as altas temperaturas muito antes dos recordes registrados em 2023 ao construir uma torre que "fazia" chover, chamado de Monumento Divino Espírito Santo.
A estrutura começou a ser construída no município em julho de 1992. Localizada bem no Centro, a torre foi inaugurada dois meses após o início dos trabalhos, em 29 de setembro daquele ano. O idealizador foi Theodorico Ferraço, que estava no segundo mandato como prefeito da cidade.
Ao todo, a obra custou mais de 200 milhões de cruzeiros, a moeda brasileira no início da década de 1990. A promessa era que a estrutura faria chover artificialmente num raio de 150 metros, com o objetivo de reduzir a temperatura em até 10ºC. O objetivo, no entanto, não foi alcançado.
Os habitantes que passavam pela região reclamavam que a água respingava nos óculos e desarrumava penteados. Além de ter feito com que pessoas andassem de guarda-chuvas só para transpassar a torre.
Atual deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa do Estado, Thodorico disse na época que a inspiração veio de um projeto semelhante na cidade de Barcelona, na Espanha.
"O projeto foi uma homenagem. Uma torre turística nos moldes de Barcelona. Hoje, o Rio de Janeiro tem também, mas houve erros no projeto", disse.
Estrutura grandiosa
Início da construção da "torre de fazer chover", em Cachoeiro de Itapemirim, em 1992 – Foto: Cedoc/A Gazeta
Além de "torre de fazer chover", a estrutura ganhou vários apelidos, como "mijódromo", "chuveirão" e até "baleia-mãe". Apesar desses nomes menos gloriosos, o Monumento ao Divino Espírito Santo tinha na base 12 hastes metálicas que simbolizavam as Doze Tribos de Israel antiga, outra referência religiosa.
Na base, a torre de 33 metros de altura tinha uma pirâmide feita de concreto e revestida de mármore branco e granito preto. Ao longo da estrutura, foram afixadas chapas galvanizadas em forma de losangos nas cores do arco-íris. No topo, havia quatro canhões que jorravam água.
Por alguns meses, mais do que diminuir o calorão de Cachoeiro de Itapemirim, a torre se tornou um ponto turístico da cidade. Ainda no começo dos anos 1990, a estrutura também ganhou se tornou uma árvore de Natal gigante que enfeitava o Centro da cidade com milhares de luzes.
O que acha o idealizador da obra?
Monumento ao Divino Espírito Santo: a "torre de fazer chover" de Cachoeiro de Itapemirim – Foto: CEDOC/A Gazeta
A "torre de chuva" foi projetada pelo arquiteto Paulo Pena Firma, mas acabou sendo desativada apenas dois anos após a inauguração. Cerca de uma década depois, em fevereiro de 2002, ela foi completamente desmontada.
Em entrevista para a TV Gazeta, Theodorico disse que durante os seis primeiros meses foi um sucesso total, mas a situação mudou logo em seguida.
"Depois passou a ser uma situação muito incômoda para os transeuntes”, comentou o ex-prefeito Theodorico Ferraço.
Para o desmonte, a estrutura foi serrada em quatro partes. A ferragem encaminhada para o Centro de Manutenção Urbana, no bairro São Geraldo, depois foi reutilizada para construção de pontes e passarelas na cidade. Atualmente, o espaço onde existia a torre, entre as praças Jerônimo Monteiro e dos Taxistas, deu lugar a vagas do estacionamento rotativo.
(Fonte: g1 ES)