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Britânico que jogou fora R$ 1,4 bilhão em bitcoins pede aval para vasculhar lixão

17 de janeiro de 2021

Engenheiro de TI britânico se confundiu e descartou o laptop errado ao se mudar, em 2013, mas prefeitura nega autorização para acessar depósito de lixo. Incidente é alerta para investidores terem cuidado com a custódia de suas criptos

Britânico que jogou fora R$ 1,4 bilhão em bitcoins pede aval para vasculhar lixãoFoto: Getty Images

Um britânico de 35 anos que sem querer jogou fora um disco rígido no qual guardava as chaves de acesso a 7.500 bitcoins fez mais um pedido às autoridades, nesta semana, para que possa vasculhar um depósito público de lixo onde ele acredita que o tesouro digital ainda possa estar.

O engenheiro de tecnologia da informação James Howells, que vive em Newport, no País de Gales, afirma que jogou o dispositivo fora, em 2013, após esvaziar uma casa da qual estava se mudando.

Ele diz que tinha dois laptops idênticos e que acidentalmente se confundiu e descartou o computador no qual estavam as chaves privadas necessárias para acessar e usar os bitcoins.

Mesmo após tantos anos, Howells se diz confiante em recuperar os bitcoins. Embora a parte externa do hard drive possa estar danificada e enferrujada, ele acredita que os componentes possam ter sobrevivido.

“Há uma boa chance de que o interior do hard drive esteja intacto, e especialistas em recuperação poderiam reconstruir a unidade ou ler os dados”, disse ele, em entrevista à rede americana CNBC.

Segundo Howells, o computador jogado fora era o único lugar onde estavam as chaves para 7.500 bitcoins, que, na cotação de hoje, equivaleriam a R$ 1,45 bilhão.

Mas, para procurar no lixão, ele precisa de autorização da prefeitura de Newport. Howells ofereceu uma doação de 25% do valor (R$ 362,5 milhões) para um fundo público para combater a covid-19 caso consiga achar o computador. Ele também afirma ter obtido financiamento para a escavação junto a um fundo de investimentos.

Mas a prefeitura de Newport rejeitou os pedidos que Howells já fez, citando temores ambientais e financeiros. Um porta-voz da administração afirmou à CNBC que “a escavação do depósito teria impactos ambientais graves e demandaria gastar milhões para tratar os detritos – sem garantia de que ele de fato encontre o dispositivo ou que ele ainda funcione”.

Custódia requer estudo e cuidados

A tecnologia da blockchain, que registra as transações envolvendo criptomoedas, exige chaves privadas, sequências de letras e números que devem ser usadas em combinação com outras senhas para acessar as carteiras digitais.

A rede é descentralizada, ou seja, não é controlada por um indivíduo, empresa ou autoridade, mas regulada pela rede de computadores dos próprios usuários. Cada transação é originada de uma carteira digital que tem uma chave, uma espécie de assinatura que serve de prova matemática de que a remessa foi feita pelo dono dos bitcoins.

Esse é um dos pressupostos da cripto, programada para ser guardada pelos próprios detentores, sem a necessidade de intermediários. Em especial nos primeiros anos do bitcoin, era comum que os investidores guardassem suas criptos consigo. Isso ainda é possível, mas hoje há outras opções, como custódias feita pelas próprias exchanges ou por outras empresas, algumas das quais fornecedoras também de serviços de carteira digital.

Como o bitcoin valia muito pouco até mais ou menos 2014, era comum que a guarda dessas chaves privadas não fosse feita com cuidado pelos usuários. Por isso, não são raros casos em que investidores não conseguem mais acessar fortunas em bitcoins em casos de perda, esquecimento ou morte.

Em 2018, em um caso famoso, o fundador da exchange canadense QuadrigaCX morreu e os clientes da empresa ficaram sem ter como acessar seus saldos, no total de 21 mil bitcoins (R$ 4 bilhões). E, nesta semana, o New York Times contou a história de um programador de San Francisco que perdeu o acesso a 7.002 bitcoins (R$ 1,3 bilhão) porque esqueceu a senha do computador que continha a chave da carteira digital.

Valedoitaúnas/Informações Valor Investe



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