Brasileiros têm que trabalhar 149 dias do ano só para pagar impostos
06 de junho de 2024Isso significa que, em dias corridos, o brasileiro trabalhou até 28 de maio apenas para pagar seus impostos
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O Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) divulgou um estudo revelando que os brasileiros precisarão trabalhar, em média, 149 dias em 2024 apenas para quitar seus tributos. Isso representa um aumento leve em relação ao ano anterior, totalizando dois dias extras de trabalho para cobrir os impostos, alcançando uma carga tributária de 40,71%.
"Tivemos aumento das alíquotas de ICMS na maioria dos estados do Brasil para compensar 'perdas' na arrecadação. Isso refletiu no aumento dos dias no cálculo”, disse João Eloi Olenike, presidente-executivo e um dos autores do estudo, ao UOL.
Essa média se desdobra em diferentes faixas de renda, considerando as respectivas alíquotas progressivas. Para rendas de até R$ 3.000, a carga tributária é de 38,63%, demandando 141 dias de trabalho. Já para rendas entre R$ 3.000 e R$ 10.000, a carga sobe para 42,47%, demandando 155 dias de trabalho. Acima de R$ 10.000, a carga é de 40,55%, exigindo 148 dias de trabalho.
A classe média, que tem renda bruta média mensal entre os R$ 3.000 e R$ 10 mil, é a que mais paga impostos, segundo o estudo. Olenike explica que isso se deve devido a dois fatores.
Isso porque o imposto de renda progride até chegar no teto de 27,5%. "Ou seja, quem ganha R$ 5.000 está na mesma faixa de imposto de quem ganha R$ 50 mil. Essa é uma injustiça que existe nesse sentido. Ou seja, no Brasil, a tributação é progressiva até certo ponto", diz.
E também porque o ICMS é regressivo. "Todos os brasileiros pagam a mesma carga tributária sobre o consumo, mas os que ganham mais acabam proporcionalmente pagando menos, em virtude da sua possibilidade de pagar mais", explica o presidente do instituto.
Nos últimos anos, os resultados foram:
- 2024: 149 dias
- 2023: 147 dias
- 2022: 149 dias
- 2021: 149 dias
- 2020: 151 dias
- 2019: 153 dias
Como o cálculo é feito?
O estudo considera a soma dos impostos sobre rendimento, consumo e patrimônio, incluindo imposto de renda de pessoa física, INSS, IPVA, IPTU, entre outros. No entanto, não leva em conta taxas variáveis, como tributações de serviços públicos e documentação.
Os tributos considerados no estudo são:
- Renda (15,02%): Imposto de Renda de Pessoa Física e contribuição ao INSS;
- Patrimônio (3,02%): Imposto de transmissão causa mortis e doação (ITCMD), Imposto sobre a transmissão de bens imóveis (ITBI), Imposto sobre a propriedade de veículos automotores (IPVA) e Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU);
- Consumo (22,67%): PIS/COFINS, Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS).
(Fonte: iG)