Brasil tem de deixar de ser ‘país de maricas’ e enfrentar pandemia ‘de peito aberto’, diz Bolsonaro
11 de novembro de 2020Presidente fez a declaração em discurso durante cerimônia no Palácio do Planalto. 'Lamento os mortos, lamento, mas todos nós vamos morrer um dia. Aqui, todo mundo vai morrer', afirmou
Bolsonaro diz que Brasil tem que deixar de ser um 'país de maricas' – Foto: Reprodução
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira (10) que o Brasil tem que "deixar de ser um país de maricas" e enfrentar a pandemia de Covid-19 de "peito aberto".
"Tudo agora é pandemia", queixou-se Bolsonaro durante discurso no Palácio do Planalto, em cerimônia de lançamento de um programa de turismo.
Mais cedo, nesta terça, o consórcio de veículos de imprensa noticiou que o Brasil chegou a 162,6 mil mortes provocadas pela Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, e a 5,67 milhões de casos confirmados.
"Não adianta fugir disso, fugir da realidade. Tem que deixar de ser um país de maricas. Olha que prato cheio para a imprensa. Prato cheio para a urubuzada que está ali atrás. Temos que enfrentar de peito aberto, lutar. Que geração é essa nossa?".
O presidente disse lamentar os mortos e voltou a afirmar que o destino de qualquer um é a morte.
"Acaba o auxílio emergencial em dezembro. Como ficam esses quase 40 milhões de invisíveis? Perderam tudo agora. O catador de latinha não tinha latinha para catar na rua, não tinha como vender biscoito Globo na praia, não tinha como vender um mate no estádio de futebol. Tudo agora é pandemia. Tem que acabar com esse negócio, pô. Lamento os mortos, lamento, mas todos nós vamos morrer um dia. Aqui, todo mundo vai morrer", declarou Bolsonaro.
Desde o início da pandemia, Bolsonaro costuma fazer declarações que contrariam a ciência. Ele sempre se manifestou a favor da abertura do comércio e contra o uso da máscara.
O presidente também costuma promover eventos que geram aglomeração, outra situação que, conforme as autoridades de saúde, pode ajudar a disseminar ainda mais o novo coronavírus.
Durante o discurso, Bolsonaro disse que a vida dele "é uma desgraça, é problema o tempo todo". O presidente afirmou ainda que não tem paz "para absolutamente nada" e reclamou da cobertura da imprensa.
"Pessoal, temos que buscar mudanças, não teremos outra oportunidade. Vem a turminha falar 'queremos um centro', nem ódio pra lá nem ódio pra cá. Ódio é coisa de marica, pô. Meu tempo de bullying na escola era porrada", declarou.
Referência a Biden
No mesmo evento desta terça, Bolsonaro afirmou que "quando acaba a saliva, tem que ter pólvora" ao se referir à Amazônia.
Ainda como candidato, o presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que buscaria "organizar o hemisfério e o mundo para prover US$ 20 bilhões para a Amazônia". Afirmou ainda que o Brasil pode enfrentar "consequências econômicas significativas" se não parar de "destruir" a floresta.
Bolsonaro, sem citar o nome de Biden, declarou nesta terça-feira no Planalto:
"Assistimos há pouco aí um grande candidato a chefia de Estado dizer que, se eu não apagar o fogo da Amazônia, ele levanta barreiras comerciais contra o Brasil. E como é que podemos fazer frente a tudo isso? Apenas a diplomacia não dá, não é, Ernesto? Quando acaba a saliva, tem que ter pólvora, senão, não funciona. Não precisa nem usar pólvora, mas tem que saber que tem. Esse é o mundo. Ninguém tem o que nós temos."
Em debate com o adversário Donald Trump, candidato à reeleição, durante a campanha eleitoral, Biden afirmou:
“O Brasil, a floresta tropical do Brasil, está sendo demolida, está sendo destruída. Mais carbono é absorvido naquela floresta tropical do que cada pedacinho de carbono que é emitido nos Estados Unidos. Em vez de fazer algo a respeito… Eu estaria me reunindo e garantindo que os países do mundo venham com US$ 20 bilhões e digam: ‘Aqui estão US$ 20 bilhões. Pare, pare de derrubar a floresta, e, se não fizer isso, você terá consequências econômicas significativas’".
Bolsonaro declarou publicamente, diversas vezes, que apoiava a reeleição de Trump. O presidente chegou a dizer que iria à posse de colega norte-americano para o segundo mandato.
Até esta terça, nem Trump, nem Bolsonaro haviam reconhecido publicamente a vitória de Joe Biden na eleição nos Estados Unidos.
Valedoitaúnas/Informações G1