Brasil aumentará produção de petróleo em 10% para estabilizar preços
24 de março de 2022País recebeu pedido dos Estados Unidos para ampliar exploração de óleo e gás
Foto: Felipe Moreno
O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, anunciou nessa quarta-feira (23) que o Brasil irá aumentar em 10% a sua produção de petróleo neste ano. Isso significa um acréscimo de 300 mil barris de petróleo por dia, de acordo com o ministro.
O anúncio foi feito durante o encontro anual de ministros de energia dos países membros e associados da Agência Internacional de Energia, em Paris. De acordo com o ministro, o aumento da produção de óleo bruto será a contribuição do Brasil para a "estabilização dos mercados globais de energia", afetados diretamente pelos efeitos da invasão russa na Ucrânia.
"Quando indústria e governo trabalham em colaboração e consenso no que precisa ser feito, isso permite um impacto maior e mais rápido. Nesse sentido, estou feliz em anunciar que Brasil vai incrementar sua produção de petróleo, adicionando 300 mil barris por dia até o final do ano", disse Bento Albuquerque, durante o evento.
O preço do petróleo no mercado internacional disparou após as sanções à Rússia, país responsável por 12% da produção mundial de óleo e gás. A consequência disso é o aumento do preço dos combustíveis ao redor do mundo, inclusive no Brasil.
Nesta semana, o barril do tripo Brent voltou a rodar na casa de US$ 120, depois de ter sido negociado a US$ 100 dias atrás. O valor subiu diante do temor de escassez do produto no mercado global.
Os Estados Unidos lideram uma tentativa de aumentar a produção mundial para reduzir a dependência russa e também reduzir os preços. O Brasil hoje já é um dos maiores produtores de petróleo do mundo e há cerca de duas semanas o governo americano pediu ao ministro de Minas e Energia para ampliar a produção nacional.
No evento em Paris, Albuquerque afirmou que o aumento da produção será possível por conta de mudanças legais.
"Isso é resultado de avanços regulatórios, modernização do mercado brasileiro de energia e investimentos consistentes realizados no pré-sal", disse.
Ao GLOBO, na semana passada, Albuquerque disse que o país está aumentando a sua produção gradativamente. O Ministério de Minas e Energia (MME) estima um crescimento de 70% nos próximos dez anos, chegando a 5,3 milhões de barris por dia, o que manterá o status de exportador do Brasil.
Embora tenha falado sobre o aumento da produção de petróleo, o ministro disse nesta quarta que "a transição energética deve avançar de mãos dadas com a segurança energética". Ele afirmou que o Brasil tem dado um "salto significativo" em fontes limpas e renováveis, tais como bioenergia e biocombustíveis, solar e eólica, além da eficiência energética.
O ministro aproveitou para falar do lançamento do programa nacional de biometano, no início desta semana. Segundo ele, a iniciativa está em linha com o compromisso assumido pelo Brasil na COP-26, por ser capaz de trazer mais segurança energética, redução de emissão de CO2 e substituição de combustíveis fósseis.
"Nós anunciamos um novo programa governamental para fomentar a produção e o uso sustentável de biometano, que terá um grande impacto no nosso agronegócio, tornando-o ainda mais sustentável", disse.
Valedoitaúnas (iG)