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Bolsonaro ignora indiciamento pela PF e critica imprensa e PT

07 de julho de 2024

O ex-presidente Jair Bolsonaro ignorou as acusações que pesam contra ele em seu primeiro discurso

Bolsonaro ignora indiciamento pela PF e critica imprensa e PTEx-presidente Jair Bolsonaro – Foto: ESTADÃO CONTEÚDO

O ex-presidente Jair Bolsonaro ignorou as acusações que pesam contra ele em seu primeiro discurso após o indiciamento pela Polícia Federal no caso das joias sauditas, ocorrido em março do ano passado. Em breve fala, ele criticou o PT, a quem chamou de “partido do trambique” e a imprensa, especificamente a Rede Globo.

A fala de Bolsonaro abriu a Conferência de Política Ação e Conservadora (CPAC Brasil) na manhã deste sábado, 6, em Balneário Camboriú. “Não tenho ambição pelo poder, tenho obsessão pelo Brasil, em que pese quaisquer outras questões que nos atrapalhe”, afirmou.

Ele também disse que está à disposição para ser sabatinado ao vivo em um canal de televisão, mas não citou que seria a Globo. “Se acha que vão me desgastar, as redes foi o primeiro pronunciamento público de Bolsonaro desde que foi indiciado pela PF na quinta-feira, 4, pelos supostos crimes de peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro no caso das joias sauditas. A Polícia, apontou indícios de que o ex-presidente e 11 aliados, também indiciados, ‘atuaram para desviar presentes de alto valor recebidos em razão do cargo pelo ex-presidente para posteriormente serem vendidos no exterior’.

O discurso de Bolsonaro abriu a CPAC Brasil, evento conservador que terá Javier Milei, o ultraliberal presidente da Argentina, como principal atração de sua quinta edição.

Os outros discursos iniciais, que seguiram o de Bolsonaro, tentaram mobilizar o público presente e passar a ideia que o bolsonarismo retornará ao poder em 2026. O ex-chefe do Executivo disse ainda que a direita ficará “ainda mais unida” depois do evento, momento em que o público pediu “volta, Bolsonaro”. Ele está inelegível e não poderia, neste momento, disputar a eleição de 2026.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), um dos organizadores da CPAC Brasil, disse que a conferência será um divisor de águas. “Nós voltaremos ao poder. Não parar, não precipitar, não retroceder”, declarou.

Anfitrião, o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL-SC) comemorou que o Estado tem o menor número de beneficiários do Bolsa Família no País e atribuiu a qualidade de vida local ao fato de o PT nunca ter comandado o governo estadual.

A organização divulgou que os portões do Expocentro, sede do evento, seriam abertos às 7h15, mas houve atraso e a entrada foi liberada apenas por volta de 8h. Parte do público que aguardava no local esperou na chuva.

A reportagem do Estadão presenciou um homem com uma mala que conseguiu burlar a revista por detectores de metal. Ele fez uma pergunta ao segurança, que não soube responder e indicou que ele procurasse a mesa onde é feito o credenciamento do público. Outro homem que estava na fila alertou o segurança que o rapaz não havia sido revistado e manifestou preocupação que ele fosse um “infiltrado” de esquerda. Nada foi feito.

Balneário Camboriú

Balneário Camboriú tem 140 mil habitantes, está localizada ao norte da capital Florianópolis e deu 75% dos votos a Jair Bolsonaro na eleição de 2022 e deve ser a “quarta sede” do clã, uma vez que Jair Renan Bolsonaro (PL-SC), quarto filho do ex-presidente, vai se lançar à Câmara Municipal.

Enquanto isso, seus irmãos estão vinculados a endereços em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, os principais centros do poder nacional.

Os ingressos para o evento foram vendidos a R$ 250 e esgotaram. O link para a transmissão online é vendido no site da CPAC por R$ 21,90, contudo, o link oferecido foi testado pela equipe do Estadão na manhã deste sábado e estava fora do ar. Ao mesmo tempo, a organização do evento disponibilizou uma transmissão gratuita pelo YouTube, apesar de ainda anunciar, em seu site, que o acesso à transmissão seria liberado mediante à compra.

Milei, que participou da conferência em 2021 na cidade de Campinas (SP), ainda como deputado, tem chegada prevista na cidade para às 22h deste sábado, quando deve participar de um jantar com Bolsonaro, os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Jorginho Mello (PL-SC), deputados bolsonaristas de todo o Brasil e empresários.

O argentino não se encontrará com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o que é considerado uma quebra de protocolo diplomático. Na semana passada, o petista disse que o presidente da Argentina deveria pedir desculpas pelas “bobagens” que falou sobre ele e o Brasil. Milei, contudo, voltou a repetir que Lula é “comunista” e “corrupto”.

Na sexta-feira, o porta-voz do governo argentino, Manuel Adorni, que também participará do evento, disse que Milei não se encontrará com Lula porque as agendas em Santa Catarina são “prioritárias” para ele. O líder do país vizinho cancelou a participação na Cúpula do Mercosul, que será realizada na segunda-feira, 8, no Paraguai.

A previsão é de que Milei realize a palestra de encerramento do evento no domingo. Ele deve ficar no mesmo hotel em que Bolsonaro e aliados estão hospedados, na Avenida Atlântica. Bandeiras do Brasil e da Argentina foram penduradas no hall de entrada.

A CPAC foi criada em 1974 nos EUA e sua versão brasileira é realizada desde 2019. Os organizadores no País são o Instituto Conservador Liberal, presidido pelo advogado Sérgio Santana, e o deputado federal Eduardo Bolsonaro.

O objetivo do evento é dar destaque para líderes conservadores e de extrema-direita de países da América do Sul, A estratégia também envolve políticos dos Estados Unidos e de países europeus onde extremistas de direita ascenderam ao poder nos últimos anos, como Polônia, Hungria e Holanda.

Políticos desses países também estarão presentes na CPAC. A organização, porém, tem destacado as palestras do chileno José Antonio Kast, político de extrema-direita que deve tentar pela terceira vez ser presidente de seu país após fracassar em 2017 e 2021, e do ministro da Justiça de El Salvador, Gustavo Vilatoro. Ele é um dos responsáveis por implementar a política de prisões em massa adotada pelo governo de Nayib Bukele.

(Fonte: iG)



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