Bolsonaro diz que Petrobras tem “lucro absurdo” e se diz insatisfeito com reajuste dos combustíveis
12 de março de 2022Questionado se Silva e Luna permanece à frente da Petrobras após mega-aumento nos combustíveis, Bolsonaro afirmou que, em seu governo, 'todo mundo' pode ser trocado
Presidente Jair Bolsonaro – Foto: Evaristo Sa/AFP/Getty Images
O presidente Jair Bolsonaro disse neste sábado (12) que a Petrobras registra "lucro absurdo" em um "momento atípico no mundo" e que ficou insatisfeito com o reajuste nos preços dos combustíveis anunciado pela empresa nesta semana.
Na quinta (10), em meio ao ao aumento na cotação do petróleo no mercado internacional, reflexo da guerra na Ucrânia, a Petrobras anunciou reajuste de 18,8% para a gasolina e de 24,9% para o diesel.
No dia seguinte, o Congresso aprovou e Bolsonaro sancionou um projeto que faz alterações na tributação sobre os combustíveis para tentar aliviar a alta de preços.
"Olha só, eu tenho uma política de não interferir. Sabemos das obrigações legais da Petrobras e, para mim, particularmente falando, é um lucro absurdo que a Petrobras tem num momento atípico no mundo. Então, não é uma questão apenas interna nossa", disse Bolsonaro a jornalistas após participar de um evento de filiação de deputados ao PL, partido ao qual ele também é filiado desde o final do ano passado (leia mais abaixo).
"Então, falar que eu estou satisfeito com o reajuste? Não estou satisfeito com o reajuste, mas não vou interferir no mercado", completou o presidente.
No ano passado, a Petrobras registrou lucro líquido recorde de R$ 106,6 bilhões, valor 1.400,7% maior que o verificado em 2020 (R$ 31,504 bilhões).
O lucro da Petrobras em 2021 foi também o maior registrado por empresas de capital aberto no Brasil, segundo levantamento elaborado pela plataforma Economatica.
Política de paridade
Esse lucro da Petrobras ocorreu em meio à disparada no preço dos combustíveis no Brasil, devido à valorização do dólar em relação ao real e ao aumento no valor do petróleo.
Os preços dos combustíveis dentro do Brasil são afetados por essas variações porque a Petrobras pratica a chamada paridade de preços. Isso significa que a empresa paga pelo produto o preço cobrado no mercado internacional e, por isso, repassa eventuais altas para refinarias, o que leva ao aumento de preços para o consumidor final.
Entenda no vídeo abaixo como funciona a política de preços da Petrobras.
Bolsonaro já criticou a política de paridade de preços, mas tem dito que não tem poder de interferir nas decisões da Petrobras.
Neste sábado, questionado novamente sobre o assunto, Bolsonaro afirmou que respeita a política de preços em vigor e que, uma eventualmente, depende da Petrobras. O presidente disse, porém, que a empresa não pode apenas visar lucro.
"A política de preço você pode estudar isso daí. Lá atrás fizeram, no começo do governo Temer, a PPI, paridade com o preço internacional. É coisa que ninguém entende, né? Estamos respeitando, se tiver que mudar isso aí, a Petrobras tem que apresentar uma proposta. Agora, não pode a Petrobras trabalhar exclusivamente visando lucro no mundo em crise, né? E com preço de combustível bastante alto aqui no Brasil", disse Bolsonaro.
"Esse atrelamento é bom para o mercado, é bom para os acionistas, mas é péssimo para o consumidor brasileiro", completou ele.
Troca na Petrobras
Bolsonaro foi questionado por jornalistas se pode tirar o general Joaquim Silva e Luna da presidência da Petrobras após o mega-aumento nos combustíveis e a repercussão negativa. O presidente respondeu:
"Todo mundo tem possibilidade de ser trocado. Todos. Exceto o presidente e o vice-presidente da República".
Perguntado novamente se irá tirar Silva e Luna do cargo, Bolsonaro respondeu:
"Não, ninguém falou em trocar. Você perguntou se ele pode ser trocado, qualquer um pode ser trocado no meu governo, menos eu, logicamente, e o vice-presidente da República, que tem mandato".
Subsídio à gasolina
Bolsonaro também confirmou que existe a possibilidade de o governo enviar na próxima semana ao Congresso um projeto para zerar a cobrança de PIS/Confins sobre a gasolina.
"Existe essa possibilidade. Conversei com o Banco Central também quanto influencia na inflação a gasolina, como está esse preço bastante alto no Brasil", disse Bolsonaro.
Na quinta (10), o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o governo pode estudar a criação de um subsídio ao diesel se a guerra entre Rússia e Ucrânia se prolongar.
Filiações ao PL
O presidente Jair Bolsonaro deu as declarações sobre preços dos combustíveis após participar de um evento de filiação na sede nacional do partido dele, o PL.
Segundo a assessoria do PL, se filiaram ao partido neste sábado 15 deputados federais:
- Sóstenes Cavalcante (RJ)
- Coronel Chrisóstomos (RO)
- Cabo Junior Amaral (MG)
- Márcio Labre (RJ)
- Bibo Nunes (RS)
- Carlos Jordy (RJ)
- Loester Trutis (MS)
- Sanderson (RS)
- Daniel Freitas (SC)
- Luiz Lima (RJ)
- Marcelo Álvaro Antônio (MG)
- Delegado Eder Mauro (PA)
- Capitão Alberto Neto (AM)
- Luiz Phelippe de Orleans Bragança (RJ)
- Nelson Barbudo (MT)
Além do presidente, participaram do evento a ministra Flávia Arruda (Secretaria de Governo), que também é filiada ao PL, e o secretário especial de Cultura, Mario Frias.
Depois do evento, o PL anunciou à imprensa que marcou o lançamento da pré-candidatura de Jair Bolsonaro à reeleição para 26 de março. Entretanto, informou que o evento pode mudar de data em razão da agenda do presidente.
Valedoitaúnas (g1)