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Bispo fingia trazer religiosos do Brasil, mas usava ilegais como mão de obra em Portugal, diz órgão

24 de novembro de 2021

Bispo fingia trazer religiosos do Brasil, mas usava ilegais como mão de obra em Portugal, diz órgãoLocal de culto em Lisboa com as bandeiras do Brasil, Portugal e Israel – Foto: Divulgação/SEF

O crescente interesse de brasileiros por Portugal pode irrigar o mercado paralelo da imigração ilegal.

Um exemplo recente acaba de ser divulgado. Uma fonte do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) confirmou ao Portugal Giro que um bispo brasileiro de 66 anos é suspeito de usar a igreja evangélica portuguesa como possível fachada para imigração ilegal.

Sob a coordenação do Departamento de Investigação e Ação Penal (Diap), órgão do Ministério Público, a investigação do SEF chegou esta tarde à etapa de cumprimento de sete mandados de busca em domicílios e veículos.

Em um dos locais de culto, como é possível ver na foto acima, há bandeiras do Brasil, Portugal e Israel.

A operação apreendeu telefones, documentos e uma quantia em dinheiro. O bispo foi indiciado por suspeita da prática reiterada de crimes de auxílio à imigração ilegal.

Por meio de uma congregação no Seixal, na Área Metropolitana de Lisboa, o bispo comandava desde 2018 um sistema de captação de dezenas de brasileiros com a ajuda da sua companheira, contou a fonte do SEF.

Ele tem cidadania portuguesa e alguma facilidade para agilizar a entrada de alegados ministros junto ao SEF. Isso acontecia porque, segundo a fonte informou, a legislação que rege as diretrizes do órgão respeitaria a liberdade de culto.

“O bispo trouxe para Portugal, desde 2018, dezenas de alegados ministros do culto, se beneficiando das facilidades legais para esse efeito”, informa o comunicado.

Porém, depois que chegavam a Portugal, estes imigrantes brasileiros, que entraram no país na pele de falsos ministros, eram direcionados para trabalhos diversos, supostamente onde falta mão de obra e que sequer estariam conectados às atividades evangélicas. Assim, explicou a fonte, a manobra se torna ilegal.

Pior: os brasileiros pagavam ao bispo “elevadas quantias monetárias”, diz o comunicado, pelo serviço de regularização junto ao SEF:

"Já em território nacional, os alegados ministros da igreja obtiveram, com a sua ajuda e a troco de elevadas quantias monetárias, a regularização junto do SEF e passaram a dedicar-se a outras atividades que nada têm a ver com a vida evangélica".

A única ligação dos imigrantes com a igreja, pelo que indica a investigação do SEF, eram as supostas bases missionárias nas quais eram instalados em condições inabitáveis. E pagavam mensalmente mais € 300 (R$ 1,8 mil) cada um por um quarto, assegura o órgão:

"Instalou os cidadãos estrangeiros em supostas bases missionárias da igreja e com inadequadas condições de habitabilidade".

O SEF ainda não respondeu sobre o que acontecerá aos imigrantes ilegais. Nem pôde dar mais detalhes porque a investigação seguirá em curso.

Valedoitaúnas (O Globo)



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