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BC intensifica projetos que podem reduzir preços de serviços bancários

06 de janeiro de 2020

BC intensifica projetos que podem reduzir preços de serviços bancários

Com os índices de inflação sob controle no Brasil, o Banco Central teve mais espaço para intensificar o desenvolvimento de ações voltadas para a infraestrutura do mercado financeiro. Iniciativas como o open banking, o sistema de pagamentos instantâneos e o sandbox regulatório (flexibilização de normas para que empresas de tecnologia se desenvolvam) prometem revolucionar o mercado bancário a partir de 2020, com promessa de aumento de concorrência e redução de juros cobrados dos clientes.

A inflação oficial do Brasil está em níveis confortáveis pelo menos desde 2017, depois do pico de quase 11% do IPCA registrado em 2015. Nesse cenário, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, pôde se concentrar em projetos ligados a novas tecnologias, área pela qual demonstra interesse desde que assumiu o cargo, em fevereiro.

Um dos principais projetos é o do open banking, que prevê o compartilhamento de dados bancários do cliente entre diferentes instituições financeiras, como bancos e corretoras. Hoje, o interessado em conseguir crédito, por exemplo, costuma verificar as condições disponíveis em seu próprio banco. Com o open banking, a tendência é que o cliente possa escolher entre as opções de diferentes instituições. A concorrência poderá aumentar e o preço, cair.

“O principal aspecto do open banking é permitir que o consumidor de crédito ou de serviços bancários leve seu histórico de informações a outras instituições do sistema financeiro”, explica o economista Fábio Sanches, professor do Insper de São Paulo. “O que se espera é a redução de preços de serviços bancários ao consumidor em geral”.

Em novembro, o BC pôs em consulta pública a proposta de regulamentação do open banking. Até o fim deste mês, instituições e pessoas interessadas poderão encaminhar sugestões ao BC. A intenção da autarquia é iniciar a primeira fase do open banking até o fim de 2020.

Mas o que exatamente surgirá em matéria de produtos e serviços bancários ainda é uma incógnita. “O open banking é como a internet há 20 anos. Você começou a usar a internet e, hoje, não há negócio que não transite pela rede”, comparou em novembro o diretor de Regulação do BC, Otavio Ribeiro Damaso. “No momento, não conseguimos visualizar o total de benefícios que haverá. Mas, daqui a 10 ou 15 anos, as soluções vão aparecer, porque estamos criando as bases para que isso aconteça”.

Inovação

Para o advogado Marcelo Padua, sócio do escritório Cascione Pulino Boulos Advogados, o BC tem adotado postura bastante favorável à inovação no mercado financeiro. “A instituição está acompanhando de perto tudo o que tem acontecido de mais inovador, de mais disruptivo”.

Padua citou regulamentações recentes voltadas para fintechs de crédito e o esforço para a implementação do sistema de pagamentos instantâneos, que prevê a possibilidade de transferências e pagamentos em tempo real. A intenção do BC é lançar o sistema até o fim de 2020 – pelo menos dois anos antes do que é planejado para o sistema norte-americano.

Com o open banking e o pagamentos instantâneos, a expectativa do BC é que mais transações financeiras sejam realizadas. “Essas medidas acabam induzindo a competição, o que é bastante produtivo”, diz Pádua.

Isso é importante principalmente em um mercado como o brasileiro, onde há concentração bancária. Dados do BC mostram que os cinco maiores bancos – Bradesco, Itaú Unibanco, Santander, Banco do Brasil e Caixa – detém cerca de 70% dos ativos totais, 80% dos depósitos e 70% das operações de crédito.

Valedoitauanas/Agência Estado

Foto: Divulgação



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