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Barco que desapareceu em Fernando de Noronha foi encontrado na Guiana Francesa

04 de julho de 2021

Engenheiro de pesca e capitão de barcos apontam fatores que podem explicar como barco, que sumiu em 27 de maio sem tripulação, pode ser encontrado tão distante da ilha

Barco que desapareceu em Fernando de Noronha foi encontrado na Guiana FrancesaSegundo a Maria, Barco Maria Bonita VI foi encontrado na Guiana Francesa – Foto: Ana Clara Marinho/TV Globo

O barco de turismo Maria Bonita VI sumiu de Fernando de Noronha no dia 27 de maio e foi encontrado na Guiana Francesa mais de um mês depois, segundo a Marinha. A localização da embarcação surpreendeu experientes navegadores que moram em Noronha, que analisaram fatores que podem explicar como o barco viajou mais de 2 mil quilômetros sem tripulação.

Para eles, o vento, a configuração do barco e a corrente como fatores que contribuíram para o deslocamento. O engenheiro de pesca Léo Veras, que mora em Noronha há 31 anos e tem duas embarcações, explicou que o barco deve ter sido levado pela corrente equatorial.

"O sistema de corrente equatorial sul está muito forte. A corrente que vem da África para a América do Sul está acelerada. Próximo ao Ceará, a corrente pega impulso para o norte", disse Veras.

A aceleração das correntes é um fenômeno que acontece ao longo do ano, mas, segundo o engenheiro de pesca, em 2021, está mais forte que o habitual.

Barco que desapareceu em Fernando de Noronha foi encontrado na Guiana FrancesaEmbarcação Maria Bonita em foto de arquivo na Praia do Sancho, em Fernando de Noronha – Foto: Ana Clara Marinho/TV Globo

Com 49 anos de experiência no mar, o radioamador e capitão de embarcação Carlos Marenga afirmou ter ficado surpreso ao saber da identificação do barco em um ponto tão distante. "O normal é que as embarcações à deriva de Noronha sejam encontradas na costa brasileira, até o Ceará", disse.

Marenga é conhecido na ilha por apoiar o resgate a embarcações e náufragos, localizando também barcos à deriva. Por conhecer bem as correntes marítimas da região, ele auxilia nas buscas e faz o contato com as embarcações que podem estar próximas. Além disso, ele também trabalha como profissional especializado no translado de barcos para Noronha, como capitão de mar.

Para Marenga, o motivo do Maria Bonita VI, que estava sem tripulação, ter ido tão longe está ligado ao vento do dia e também ao tipo de construção da embarcação. "No dia que sumiu a velocidade do vento era de 25 nós [45 quilômetros por hora], o que é um vento muito forte", contou.

Barco que desapareceu em Fernando de Noronha foi encontrado na Guiana FrancesaRadioamador Carlos Marenga avaliou a localização – Foto: Ana Clara Marinho/TV Globo

"O Maria Bonita VI é um barco que tem um costado [borda onde a pessoa pode encostar] e uma cabine altos. Isso funcionou como uma espécie de vela. O vento empurrou a embarcação, que pegou a corrente que levou até a região da Guiana Francesa", declarou Marenga.

Veras concordou com a análise de Marenga, apontando que a soma dos ventos e corrente com a configuração do barco, ajudam a explicar como o Maria Bonita chegou até a Guiana Francesa mesmo sem ter ninguém dentro.

A embarcação estava fundeada no Porto de Santo Antônio e acabou soltando-se da boia, ficando à deriva desde 27 de maio. Em nota, a Marinha explicou que soube em 30 de junho que o barco foi localizado a mais de 230 quilômetros da costa da Guiana Francesa.

O dono do barco Maria Bonita, Paulo Fatuch, informou ao G1 que ainda não foi comunicado da localização e ainda não tem planejamento para recolher a embarcação.

Feliz Navegante

Barco que desapareceu em Fernando de Noronha foi encontrado na Guiana FrancesaFeliz Navegante também ficou à deriva – Foto: Doug Monteiro/Acervo pessoal

O radioamador comparou com a localização do barco Feliz Navegante, usado na década de 1990 na gravação do seriado Riacho Doce, da TV Globo, que também ficou à deriva sem tripulação e foi encontrado em Areia Branca, no Rio Grande do Norte, distante 500 quilômetros de Noronha.

"O Feliz Navegante é um barco baixo, sem cabine. O vento na época que ele desapareceu era mais fraco, isso contribuiu para aparecer mais perto de Fernando de Noronha, no Rio Grande do Norte", comparou Marenga.

Valedoitaúnas/Informações G1



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