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Banco Central prevê aumento da inflação e incerteza na retomada da economia

04 de novembro de 2020

Comitê de Política Monetária monitora a situação, embora, segundo análise, alta seja um "choque temporário"

Banco Central prevê aumento da inflação e incerteza na retomada da economiaBanco Central do Brasil – Foto: Lorena Amaro

De acordo com a avaliação do Banco Central (BC), a inflação, nos últimos meses, subiu mais do que o esperado. O principal motivo foi o aumento dos preços do setor alimentício. Entretanto, o BC avalia que isso tudo decorre de um “choque temporário” nos preços, também analisando que a decisão sobre juros pode ser influenciada por mudanças na política fiscal, afetando a dívida pública.

As informações estão na Ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que decidiu manter a taxa básica de juros em 2% divulgada nesta terça-feira. Nesta, o Banco Central mostra razões para o aumento da inflação, como a alta de preços de alimentos e bens industriais, o aumento de preços das commodities e dos programas de transferência de renda, que estimularam o consumo. Dessa forma, o impacto tende a ser temporário, entretanto, o Copom afirma que monitora a situação “com atenção”:

“Por um lado, a normalização parcial dos preços ainda deprimidos deve continuar, em um contexto de recuperação dos índices de mobilidade e do nível de atividade. Por outro lado, espera-se a reversão na elevação extraordinária dos preços de alguns produtos, afetados por redução provisória na oferta em conjunção com um aumento ocasional na demanda”.

Segundo o Copom, os diferente setores da economia possuem um diferente ritmo em suas retomadas. Setores como o de serviços, mais afetados pela pandemia, ainda se encontram deprimidos, mesmo que programas do governo, como o auxílio emergencial, estimulem a atividade econômica.

De acordo com essa análise, o setor de serviços tende a seguir com uma retomada mais lenta, comparado aos outros setores.

"O Comitê concluiu que a natureza da crise provavelmente implica que pressões desinflacionárias provenientes da redução de demanda podem ter duração maior do que em recessões anteriores".

Retomada

O Comitê apontou, ainda, que há várias incertezas sobre a retomada, mais especificamente seu ritmo em 2021, uma vez que os programas de ajuda do governo chegarão ao fim. Dessa forma, a retomada seria “ainda mais gradual”.

“Prospectivamente, a pouca previsibilidade associada à evolução da pandemia e ao necessário ajuste dos gastos públicos a partir de 2021 aumenta a incerteza sobre a continuidade da retomada da atividade econômica”.

Além das dúvidas a respeito do consumo interno, o mercado estrangeiro também é imprevisível na análise do Copom. A observação é de que alguns setores sofram uma desaceleração em suas retomadas graças à volta da pandemia em outros países.

“A recente ressurgência da pandemia e o consequente aumento do afastamento social em algumas das principais economias podem interromper a recuperação da demanda. Uma possível redução abrupta e não organizada dos estímulos governamentais também adiciona risco à retomada econômica”, analisa o comitê.

Taxa de juros

O Banco Central já mira na meta de inflação de 2021, que é de 3,75%, para a condução da taxa de juros. Segundo a análise do Copom, a tendência de alta nos riscos, devido à incerteza na política fiscal, compensa as projeções de inflação abaixo da meta. Dessa forma, o órgão optou por não mudar muito a política monetária desde a reunião de setembro.

De acordo com o comitê, as condições para a manutenção do forward guidance continuam atendidas: projeção de inflação abaixo da meta, regime fiscal inalterado e expectativas de inflação ancoradas. Caso haja mudanças nesse cenário, tudo pode se modificar.

“O Comitê refletiu que alterações de política fiscal que afetem a trajetória da dívida pública ou comprometam a âncora fiscal motivariam uma reavaliação, mesmo que o teto dos gastos ainda esteja nominalmente mantido”.

O forward guidance foi usado pela primeira vez na reunião de agosto e consiste, basicamente, em usar a própria comunicação do Banco Central como uma maneira de influenciar taxas de juros.

Porém, antes de decidir manter a taxa de juros em 2%, analistas de mercado esperavam uma alteração na sinalização do Banco Central. Esta seria a de deixar em aberto a possibilidade de, mais uma vez, reduzir a Selic. A premissa é que, com a recente alta na inflação, não haveria mais essa possibilidade, porém o Banco Central decidiu manter a porta aberta.

“O Comitê avaliou que essa sinalização está ligada às restrições de caráter prudencial para movimentos de redução da taxa básica de juros e, portanto, precisa ser mantida na comunicação”.

Valedoitaúnas/Informações iG



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