Atacado por milícias digitais, Paulo Fundão cobra respeito às famílias
31 de março de 2023Foto: Divulgação/Secom/CMSM
Novamente alvo de ataques em redes sociais por ser contrário ao pedido do prefeito Daniel Santana para endividar o município em R$ 100 milhões (Projeto de Lei 055/2022), por meio de empréstimo junto ao Banco do Brasil, o presidente da Câmara Municipal de São Mateus, no Norte do Espírito Santo, vereador Paulo Fundão, considera que o município corre risco de se transformar na belicosa Colômbia dos anos 80 e 90. Naquele cenário sombrio, com protagonismo do implacável narcotraficante Pablo Escobar, o ambiente era de intimidações, torturas e assassinatos aos opositores.
De autoria do Poder Executivo, o polêmico PL 055/2022 segue em tramitação no Parlamento Municipal, e tranca a pauta até que haja uma definição sobre o pedido de autorização para o empréstimo milionário. Como possuem minoria de votos, os opositores utilizam estrategicamente o Regimento Interno para obstruir a pauta das sessões, o que tem irritado a base governista e provocado debates acirrados, dentro do plenário e também fora dele, onde estão posicionados propagadores de notícias falsas (fake news) nas chamadas milícias digitais.
Ciente do papel institucional que tem a desempenhar nesse ambiente hostil, o vereador presidente Paulo Fundão lembrou do seu histórico familiar, inclusive de que, quando criança e adolescente, acordava às 3h da madrugada para, com a liderança do pai e ex-presidente da Câmara, Matheus Fundão, entregar pães na sede da antiga Aracruz (atual Suzano). Destacou também a família que constituiu num relacionamento que já dura 35 anos e que lhe gerou dois filhos.
“Amo a minha família de forma incondicional. E hoje tenho que vir aqui para defender a honra e a moral de minha família de bandidos, criminosos, que não têm escrúpulos, que vivem muitas vezes drogados, e outros que já foram presos”, disse.
O presidente da Câmara lembrou que chegou a ser acusado por um secretário municipal, em redes sociais, de ter mentido sobre a destinação de recursos do parlamento para socorrer desabrigados das chuvas do fim de 2022. “O dinheiro está numa conta que só o Poder Judiciário pode transferir por meio de alvará judicial. Secretário, não cometa mais esta gafe! Não faça isso! Não tente colocar que alguém não tenha falado a verdade, quando o senhor sabe como funciona [a tramitação burocrática para liberação desses recursos]”, rebateu.
Paulo Fundão disse que encaminhou o pedido de transferência imediatamente ao anúncio, nos primeiros dias de janeiro, e que já esteve algumas vezes no Fórum Estadual tentando ver como acelerar o trâmite, além de ter acionado a Procuradoria da Câmara para agir de igual forma. Ele explicou que a juíza que atuava na Vara específica em que está o pedido acabou transferida para Aracruz e que o substituto assumiu e logo depois entrou em período de férias.
“O dinheiro está na conta judicial e vai chegar à conta do Executivo. São dois milhões e novecentos mil reais. Em momento algum o tenente-coronel Wagner, que é secretário de Defesa Social, falou com verdade. Não gostaria nem de estar aqui comentando isso, mas é preciso mostrar à sociedade. Aquela forma intimidatória, aquele nervosismo, aquela coisa de prepotência, como se a gente vai ter medo. Não existe medo. Fui forjado na luta”, comentou o presidente da Câmara.
Para enfrentar o que chamou de milícias digitais, Paulo Fundão relatou que já enviou ofícios a autoridades, órgãos e instituições de São Mateus e do Estado do Espírito Santo. “Ao governador Renato Casagrande, aos presidentes do Tribunal de Justiça e do Tribunal Regional Eleitoral, às polícias Civil e Federal, ao Fórum, às Maçonarias, à Ordem dos Advogados Brasil (OAB São Mateus e Espírito Santo), ao Ministério Público, aos empresários, à Igreja Católica (bispo Dom Paulo Bosi e todas as paróquias mateenses), ao presidente do Conselho de Pastores”, detalhou.
“São Mateus não pode se transformar numa Colômbia”, disse Paulo Fundão, lembrando que décadas atrás o narcotraficante Pablo Escobar mandava matar aqueles que divergiam dos interesses dele. “Hoje não se mata a pessoa, mas a honra, a moral. Tenta matar, tentar intimidar, como fizeram com o vereador Gilton Gomes”, disse, solidário ao colega parlamentar, alvo de intimidações em casa, no Bairro Santa Teresa (Ponte), na madrugada de terça-feira (28).
O presidente da Câmara lembrou que mesmo entre os narcotraficantes da Colômbia havia limites no tratamento a adversários. “Com família não se mexe. Família se respeita. E infelizmente pessoas inescrupulosas têm atacado famílias. Não têm escrúpulos. Infelizmente São Mateus precisa de um corretivo, que vai vir. Esse corretivo vai vir dentro da lei. A cidade de São Mateus não pode e nem deve ficar acuada. É preciso união para combatermos essas milícias digitais, essas fake News, concluiu.