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Após ser presa por engano visitando irmã, mulher narra medo de nova ida ao local

15 de setembro de 2020

Esteticista de 27 anos foi confundida com irmã e passou onze dias presa por engano em penitenciária do Rio de Janeiro. Ela viu irmã pela primeira vez após ocorrido

Após ser presa por engano visitando irmã, mulher narra medo de nova ida ao localMulher é presa no lugar da irmã e fica na cadeia por 11 dias: Reprodução/TV Globo

A esteticista Danielle Estevão Fortes, de 27 anos, venceu o medo de andar sozinha, trauma adquirido por ter permanecido 11 dias presa por engano em uma penitenciária, e os mais de 70 quilômetros que separam o distrito de Mauá, em Magé, onde mora na Baixada Fluminense, do Complexo Penitenciário do Gericinó, na Zona Oeste do Rio. Tudo isso, para visitar pela primeira vez, após um ano e três meses, a irmã Daniela Silva Estevão, de 24.

Desde o final junho do ano passado, Daniela cumpre pena por crime de roubo, no presídio Talavera Bruce. Apesar de dois assaltos em lojas de celulares terem tido participação de Daniela, no início do mesmo mês de 2019, foi a esteticista quem acabou indo parar atrás das grades, ao ser confundida com a irmã numa investigação feita polícia.

A Justiça só começou a desfazer o engano no dia 18 de junho do ano passado, quando expediu o alvará de soltura da esteticista. O encontro desta segunda-feira (14), o primeiro que ocorreu após Danielle ter deixado a cadeia, foi marcado por lágrimas e pela falta de um abraço.

Por conta das regras impostas pela Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) para evitar a disseminação da Covid-19 nos presídios, que inclui entre outras medidas, distanciamento mínimo obrigatório de 1,5 metro entre detentos e visitantes, as duas irmãs não puderam trocar abraços ou afagos. Mesmo assim a esteticista, que logo após sair da cadeia disse ter perdoado a irmã, chorou ao ver Daniela e também ao se despedir dela.

Para chegar ao Talavera Bruce às 8h, Danielle acordou às 5h e viajou sacolejando por dois ônibus. O primeiro a levou até a Avenida Brasíl, na altura da Cidade Alta. E o segundo até as proximidades de Gericinó. Depois, permaneceu esperando em uma fila, até às 10h40, quando finalmente conseguiu entrar o pátio do presídio.

“Não consegui dormir direito no domingo e nem me alimentar de tanta ansiedade. Ao chegar na porta do presídio, senti dores de estômago de tão nervosa que fiquei. Minha irmã não sabia que iria visitá-la . Quando eu a vi entrando no pátio, para se aproximar da mesa onde eu estava sentada em um cadeira, comecei a chorar. Ela me pediu para esquecer tudo o que nós duas passamos. Ela também já havia me pedido perdão em uma carta. Vi que ela estava bem . A Daniela disse que quer cumprir a pena dela (foi condenada a dez anos e seis meses) e que depois quer ter uma nova vida. Na hora d e ir embora foi aquele desespero. Quando ela votou para cela, eu chorei de novo. Não poder abraçar minha irmã depois de tanto tempo foi muito difícil”, disse a esteticista, que só no último dia 1º de setembro conseguiu autorização da Seap para receber a carteira de visitas que dá acesso aos presídios.

Segundo Danielle, durante o encontro a irmã pediu que ela ajude a tomar conta do filho de 3 anos. O menino mora com o resto da família das irmãs, em Mauá. Daniela também contou para a esteticista ter se arrependido de não ouvir seus conselhos sobre más companhias.

“Conversamos até ao meio-dia, horário em que termina o período de visita. Ela me pediu para ajudar a tomar conta do filho dela. Aliás, disse para mim que não era só filho dela, mas que era um filho nosso. A Daniela disse que está muito arrependida de não ter ouvido meus conselhos. Na época eu avisei para ela não andar com as pessoas que a levaram para este caminho”, disse a esteticista.

Danielle foi presa ao ir prestar depoimento sobre o assassinato de um irmão, na Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense. Ao examinar a identidade da esteticista, os policiais descobriram, na época, que havia um mandado de prisão expedido pela Justiça em nome dela.

A ordem de prisão foi fruto de um inquérito da 59ªDP (Duque de Caxias) que confundiu as irmãs e apontou a esteticista como participante de dois assaltos que jamais cometeu. A identificação errada foi feita a partir de uma imagem de circuito de segurança. O vídeo que flagrou Daniela em um dos assaltos teria sido comparado com a foto na ficha de identificação de Danielle e não da irmã.

Já Daniela foi presa na Região dos Lagos, no dia 26 de junho de 2019. Após a condenação desta última em dois processos por roubo, Danielle foi absolvida nos mesmos procedimentos que havia sido incluída por engano.

Valedoitaúnas/Informações iG



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