Após ameaça de obstrução de pauta, Lira e oposição selam acordo para a Mesa Diretora da Câmara
02 de fevereiro de 2021Partidos que se opõem ao governo de Jair Bolsonaro vão ocupar dois cargos na linha de comando da estrutura da Casa
Primeira reunião de líderes do novo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) – Foto: Câmara dos Deputados
O novo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), adiou para quarta-feira a eleição para compor a Mesa Diretora da Casa. A estratégia teve objetivo de ganhar tempo diante da pressão de partidos de oposição, que ameaçaram travar a pauta de votações caso Lira mantivesse a decisão de tirá-los da composição da Mesa. No fim da tarde, Lira e oposição chegaram a um acordo sobre a nova formação da Mesa, que, além da presidência da Câmara, conta com duas vice-presidências e quatro secretarias, que gerenciam diferentes fatias do orçamento da Casa e têm diferentes atribuições. Partidos de oposição terão direito a ocupar dois cargos na Mesa, além de duas das quatro suplências.
Após vencer a eleição ontem, Lira anulou a composição da Mesa que havia sido montada e avalizada pelo agora ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ). Nesta terça, porém, Lira fez uma proposta aos nove partidos que apoiaram a candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP), que ficou em segundo lugar na disputa à presidência da Casa.
A primeira vice-presidência ficará com Marcelo Ramos (PL-AM); a segunda-vice presidência ficará com André de Paula (PSD-PE); a primeira secretaria com Luciano Bivar (PSL-PE); a segunda secretaria com Marília Arraes (PT-PE); a terceira secretaria ficará com o deputado Marcelo Nilo (PSB-BA); e a quarta secretaria com Rosângela Gomes (Republicanos-RJ).
Lira ofereceu duas vagas titulares na Mesa, a metade do que estava previsto inicialmente. E manteve as duas suplências que seriam destinadas à oposição. Para o bloco que apoiou Baleia, o movimento de Lira foi interpretado como um recuo após a ameaça de obstrução de pautas, o que poderia gerar um impasse político no início do mandato de Lira no comando da Casa.
“Arthur Lira procurou o bloco para conversar. A atitude ontem havia sido muito violenta, e isso embaçou sua vitória. Quer recompor. A maioria dos partidos do bloco avalia que devemos fazer essa recomposição. Nesse contexto, o PT sairia da primeira secretaria para a segunda secretaria. Estamos conversando aqui. Se for para manter a unidade dos partidos de oposição, devemos aceitar, sem deixar de cobrar e de continuar denunciando o ato violento e autoritário. O desgaste do Lira e a pressão do bloco fizeram com que ele recuasse”, disse a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional do PT.
No caso do PT, o partido perderia a primeira secretaria e ficaria com a segunda secretaria, que cuida de premiações e honrarias, estágios, e passaportes diplomáticos. O GLOBO apurou que o Republicanos, que apoiou a eleição de Lira e é próximo do Planalto, cobiça a primeira secretaria, que cuida de requerimentos de informações destinados aos demais poderes, de recursos administrativos, da ratificação de despesas, do credenciamento de profissionais visitantes e do recebimento de correspondências.
Valedoitaúnas/Informações O Globo