‘Apenas arranhamos a superfície dos desafios’, diz Lula em encerramento do G20
19 de novembro de 2024Brasileiro passou presidência rotativa do bloco para África do Sul; gestão do Brasil adotou compromisso contra fome e pobreza
Lula fechou sessões de trabalho da cúpula – Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou nesta terça-feira (19) que os trabalhos da presidência brasileira do G20, embora desempenhados “com afinco”, foram capazes somente de “arranhar” os complexos problemas enfrentados pela humanidade. A declaração foi feita na sessão de encerramento da cúpula de líderes do grupo, no Rio de Janeiro (RJ), quando Lula passou o comando do G20 para a África do Sul, que assume o comando do bloco em 1º de dezembro.
“Trabalhamos com afinco, mesmo cientes de que apenas arranhamos a superfície dos profundos desafios que o mundo tem a enfrentar”, destacou, ao comentar as principais conquistas da presidência brasileira à frente do G20, que reúne as principais economias do mundo – são 19 países e as uniões Africana e Europeia. Ao longo da liderança brasileira do bloco, iniciada em dezembro de 2023, foram feitas mais de 140 reuniões, em 15 cidades do país.
“Lançamos a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e iniciamos um debate inédito sobre a taxação de super-ricos. Colocamos a mudança do clima na agenda dos Ministérios de Finanças e Bancos Centrais e aprovamos o primeiro documento multilateral sobre bioeconomia. Fizemos um Chamado à Ação por reformas que tornem a governança global mais efetiva e representativa e dialogamos com a sociedade por meio do G20 Social [fórum criado pela presidência brasileira do grupo]”, elencou.
Lula também citou outros feitos, como o lançamento do roteiro para aperfeiçoar a atuação dos bancos multilaterais de desenvolvimento e a priorização dos países africanos na discussão sobre endividamento dos países. O petista destacou, ainda, o grupo de trabalho criado para discutir o empoderamento feminino e a proposição de acrescentar a promoção da igualdade racial aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU).
“Definimos princípios-chave sobre comércio e desenvolvimento sustentável e adotamos o compromisso de triplicar a capacidade global de energias renováveis até 2030. Criamos uma Coalizão para a Produção Local e Regional de Vacinas e Medicamentos e decidimos expandir o financiamento para infraestruturas de água e saneamento. Sediamos eventos da Rodada de Investimentos da Organização Mundial da Saúde, por acreditar que mais recursos são necessários para uma resposta coletiva a novos e persistentes desafios sanitários. Aprovamos uma Estratégia para Promover a Cooperação em Inovação Aberta contra assimetrias na produção científica e tecnológica e decidimos estabelecer uma força tarefa sobre a governança da inteligência artificial no G20″, completou Lula.
O presidente também relembrou que, com a liderança da África do Sul, o comando do bloco ficará quatro anos a cargo de nações em desenvolvimento – além de Brasil e do país africano, Indonésia e Índia presidiram o G20 nas últimas edições. Ao transmitir o cargo ao presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, o petista destacou as semelhanças entre os continentes africano e latino-americano.
“Depois da presidência sul-africana, todos os países do G20 terão exercido, pelo menos uma vez, a liderança do grupo. Será um momento propício para avaliar o papel que desempenhamos até agora e como devemos atuar daqui em diante. Temos a responsabilidade de fazer melhor”, cobrou Lula. “É com essa esperança que passo o martelo da presidência do G20 para o presidente Ramaphosa. Esta não é uma transmissão de presidência comum – é a expressão concreta dos vínculos históricos, econômicos, sociais e culturais que unem a América Latina e a África”, acrescentou o brasileiro, ao desejar “sucesso” ao sul-africano.
(Fonte: R7)