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Apenas 8% das mulheres negras no Brasil ocupam cargos de liderança

29 de outubro de 2020

Estudo previsto para ser publicado nesta quarta constatou, também, que menos da metade das entrevistadas exerce trabalho remunerado

Apenas 8% das mulheres negras no Brasil ocupam cargos de liderançaApenas 8% das mulheres negras ocupam cargos de liderança – Foto: Unsplash/Christina @ wocintechchat.com

Segundo pesquisa realizada pela consultoria Indique Uma Preta e pela empresa Box1824, apenas 8% das mulheres negras brasileiras que trabalham no mercado formal ocupam cargos de gerente, diretora ou sócia proprietária de empresas e menos da metade das mulheres negras exerce trabalho remunerado.

As responsáveis pelo levantamento disseram à Folha de S. Paulo que os dados mostram a importância das empresas estarem atentas à evolução da carreira desses profissionais dentro das corporações não só ao processo seletivo.

A pesquisa está prevista para ser lançada nesta quarta-feira (28), e ouviu 1 mil mulheres negras, com idades entre 18 e 65 anos, entre março e setembro deste ano. Das entrevistadas, 54% não exerciam trabalho remunerado e, destas, 39% estavam em busca por emprego.

Das 46% que estava trabalhando, 20% eram autônomas, e das empregadas no mercado de trabalho formal, apenas 2% eram diretora, 3% sócia proprietária e 3% gerente. Enquanto que presidentes e vice-presidentes somam um número tão pequeno, que se arredondar, o percentual fica em 0%. Mas existem casos isolados, principalmente no Nordeste.

Das mulheres empregadas no mercado de trabalho formal, 23% eram assistentes ou auxiliares, 18% profissionais administrativos ou operacional, 8% analistas e 5% eram estagiárias ou trainees.

Das entrevistadas, 72% relataram que também não foram lideradas por uma mulher negra nos últimos cinco anos.

51% das mulheres negras ouvidas afirmaram que receber promoção foi difícil ou muito difícil nos últimos anos e 35% disseram insatisfeitas ou muito insatisfeitas com a falta de oportunidades.

O mito da falta de qualificação

A pesquisa também identificou quatro principais barreiras que impedem o avanço das mulheres negras no mercado de trabalho, sendo a primeira delas o mito de que essas profissionais não teriam a qualificação necessária.

As mulheres ouvidas observam que os negros são maioria nas universidades públicas hoje em dia (50,3%, segundo dados do IBGE de 2019) e que as profissionais negras estão sempre em busca de melhorar a formação.

Ainda segunda pesquisa, 43% delas pretendem voltar ou continuar a estudar e 31% desejam de capacitação na área em que atuam.

A segunda barreira identificada é o fato de que boa parte das contratações no Brasil são feitas por indicação. E segundo a pesquisa, 46% das mulheres negras conseguiram o trabalho atual por meio de processo seletivo, contra 26% que entraram por indicação.

Segundo as representantes da pesquisa, isso acontece porque os brancos hoje são a maioria do mercado de trabalho formal e pessoas brancas tendem a ter mais outras pessoas brancas em seu círculo de conhecidos. Acaba que a indicação perpetua desigualdade.

As outras duas barreiras identificadas são políticas de diversidade genéricas adotadas pelas empresas e o medo das corporações de errar ao adotar ações de inclusão que possam levar a uma paralisia.

Valedoitaúnas/Informações iG



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