“Alergia não é frescura e pode ser fatal”, alerta imunologista
09 de julho de 2025No Dia Mundial da Alergia, médica destaca sintomas, tipos mais comuns e importância do diagnóstico
Sintomas escondem riscos que exigem atenção urgente – Foto: Divulgação
Espirros, coceira, urticária, falta de ar. Esses sintomas podem parecer banais, mas escondem riscos que exigem atenção urgente. No Dia Mundial da Alergia, celebrado em 8 de julho, em entrevista ao Portal iG Saúde, a médica Ana Flávia Bernardes, especialista em alergologia e imunoterapia com atuação em Campinas, São Paulo, fala sobre o avanço dos casos, o impacto da imunoterapia e o que cada pessoa deve observar.
Quais são os tipos de alergia mais comuns que você atende no consultório?
As alimentares, respiratórias e cutâneas. Entre as alimentares, os vilões são leite, ovo, amendoim, frutos do mar e alguns corantes. Já na parte respiratória, rinite alérgica e asma são muito frequentes. E na pele, a dermatite atópica e a urticária ocupam grande parte dos diagnósticos.
O número de casos tem aumentado?
Sim. Crianças e adolescentes têm sido os mais afetados. Fatores ambientais, mudanças na alimentação, uso excessivo de antibióticos na infância e até a super-higienização dos ambientes contribuem para isso.
A alergia é sempre genética?
Não necessariamente. Há um componente genético, sim, mas o ambiente influencia muito. A exposição precoce a alérgenos, o tipo de parto, amamentação e até o estilo de vida urbano são determinantes.
“Em muitos casos, a pessoa convive anos com sintomas achando que é normal”, Ana Flávia Bernardes – Foto: Arquivo Pessoal/Reprodução
“Imunoterapia pode transformar a vida de pacientes alérgicos”
O que é a imunoterapia e quando ela é indicada?
É um tratamento com doses progressivas do alérgeno que causa a reação. Funciona como uma dessensibilização. Indico principalmente para casos de rinite, asma e algumas alergias alimentares, como ovo e leite em crianças. Os resultados são consistentes e duradouros.
Alergia pode matar?
Sim. A anafilaxia, por exemplo, é uma reação aguda, potencialmente fatal, geralmente desencadeada por alimentos, medicamentos ou picadas de insetos. Informação correta salva vidas.
E os perigos da automedicação?
Graves. O uso indiscriminado de antialérgicos pode mascarar sintomas e dificultar o diagnóstico. Isso adia o tratamento e, muitas vezes, agrava o quadro.
O que o paciente pode fazer em casa para evitar crises?
Manter o ambiente arejado, sem mofo, ácaros e poeira. Evitar produtos com odores fortes e, em casos de alergia alimentar, seguir uma dieta rígida com orientação profissional. Também é essencial observar sintomas recorrentes, como diarreias, inchaços ou coceiras.
Toda alergia tem cura?
Não, mas tem controle. Com o diagnóstico certo, mudanças simples no estilo de vida e acompanhamento médico, é possível ter qualidade de vida.
Qual sua principal mensagem no Dia Mundial da Alergia?
Alergia não é frescura. É uma condição real, com impacto físico e emocional. O diagnóstico precoce faz toda a diferença. É preciso levar a sério.
(Fonte: iG)