Água da chuva: afinal, ela é pura ou suja? Podemos bebê-la naturalmente?
16 de dezembro de 2023Será que a água da chuva é pura ou não? E podemos bebê-la? Vários estudos foram feitos nos últimos anos para chegar a uma conclusão sobre isso. Descubra aqui conosco as respostas dessas questões.
A água da chuva em seu estado natural, sem tratamento, não é segura para se beber – Foto: Divulgação
A água é um elemento de fundamental importância para todos os seres vivos na natureza. É essencial para a manutenção da saúde e do bem-estar de todo ser humano o acesso à água potável, limpa.
O consumo de água no mundo durante o último século aumentou consideravelmente, mas ainda milhões de pessoas não têm acesso à água potável e consomem água sem nenhum tratamento.
Água potável é aquela que pode ser consumida sem nenhum risco de contaminação por agentes químicos ou biológicos a curto e longo prazo.
E aí podemos pensar: será que dá para beber a água da chuva? Então, respondendo às questões feitas anteriormente: não, a água da chuva não é pura, e por isso, o seu consumo deve ser evitado. Em seu estado natural, sem tratamento, não é seguro bebê-la.
Imprópria para beber em qualquer lugar do mundo
Os perfluoroalquilados (PFAS), chamados de "químicos eternos", são substâncias químicas utilizadas na indústria, altamente perigosas, pois podem causar câncer, retardo de aprendizado e até afetar a gravidez e a fertilidade. Através dos processos de emissões da indústria, elas acabam se alojando na atmosfera, na água do mar e no solo, podendo chegar até às residências, caso a água consumida não seja tratada.
Ciclo das substâncias perfluoroalquiladas (PFAS) lançadas pela indústria – Foto: North Carolina PFAS Testing Network.
Uma pesquisa liderada pela Universidade de Estocolmo monitorou há uma década a presença dos PFAS no meio ambiente e chegou à conclusão que a água da chuva não pode ser considerada potável em nenhum lugar do planeta. Isso porque os PFAS vêm permanecendo no planeta em um ciclo que passa da água do mar para a atmosfera, através do spray gerado pelas ondas marinhas, e depois retorna com as precipitações.
“Com base nas últimas diretrizes norte-americanas para PFOA na água potável, a água da chuva em todos os lugares seria considerada insegura para beber”, afirmou Ian Cousins, autor principal do estudo. O PFOA (ácido perfluorooctanóico) é uma substância bem conhecida na classe dos PFAS.
Substâncias poluentes na chuva
Por mais que a água da chuva esteja condensada em um local onde não há a presença humana, uma área rural por exemplo, ainda assim diversos gases da nossa atmosfera acabam a contaminando, e essa contaminação vai depender da região.
Em grandes centros urbanos, o número de poluentes é maior, o que a torna ainda mais tóxica. Além disso, há mais queima de combustíveis, liberando gases cancerígenos como o benzeno. A chuva no campo é um pouco mais limpa, mas ainda assim carrega agentes nocivos e não pode ser considerada pura; aliás, pode ter excesso de cálcio e potássio.
Entre os elementos poluentes que podem ser encontrados na água da chuva estão partículas de poeira, nitrato, sulfato, amônio, fuligem, e até bactérias e vírus também podem ser transportados.
Transformando a água da chuva em potável
A água da chuva deve ser transformada em potável para beber. Para isso, ela deve passar por um processo de limpeza. Dá para fazer tratamento com filtros, com cloro ou purificação solar (colocá-la dentro de garrafas de plástico transparentes e deixá-la exposta ao Sol por seis horas). Neste último caso, o processo é ideal para tratar pequenas quantidades de água.
Até mesmo a água da chuva coletada em cisternas não é potável. Neste caso, quanto a outras maneiras de armazenamento, é necessário tratar a água antes de beber.
Caso a água for usada para outra finalidade, que não a ingestão, como por exemplo lavar calçadas, não há necessidade de realizar os processos químicos de limpeza nela.
Referência da notícia:
COUSINS, I. T. et al. Outside the Safe Operating Space of a New Planetary Boundary for Per- and Polyfluoroalkyl Substances (PFAS). Environmental Science & Technology, v. 56, n. 16, 2023.