Crimes começaram quando a vítima tinha apenas 10 anos de idade. Homem se aproveitava do local isolado onde moravam, em Nova Venécia, para continuar com os abusos e ameaças

Policiais da Delegacia Regional de Nova Venécia souberam do caso após pedido de socorro da própria vítima – Foto: Divulgação/PCES

Um agricultor de 46 anos foi preso nesta terça-feira (29) em Nova Venécia, no Norte do Espírito Santo, suspeito de abusar sexualmente da própria filha durante 18 anos.

Os abusos começaram quando a vítima, atualmente com 28 anos, tinha apenas 10 anos de idade. De acordo com a Polícia Civil, o homem se aproveitava do fato de eles morarem em local isolado para continuar com os abusos. Com ameaças, o homem garantia que a filha não contasse a situação para vizinhos.

A vítima morava com o pai e um irmão menor de idade. A casa onde viviam fica no interior do município, e para chegar até o local os policiais precisaram percorrer mais de 20 km de estrada de chão.

Assim que chegaram à residência, o pai foi abordado e confirmou os abusos. Ela contou que o último ato criminoso aconteceu na noite anterior, e mostrou aos policiais uma peça de roupa com material biológico que comprovaria a acusação.

"A violência começou quando ela tinha 10 anos e era ameaçada de morte, caso contasse a alguém sobre os abusos. Como eles sempre moraram em lugares muito ermos, ela nunca conseguiu falar com um vizinho que fosse e tinha medo de procurar ajuda e ser realmente morta pelo pai. No trajeto até a delegacia, a moça só chorava e agradecia, afirmando que foi salva pela polícia”, relatou o titular da Delegacia Regional de Nova Venécia, Douglas Sperandio.

Vítima não estudou e não podia ter amigos

Segundo o relato da vítima na delegacia, o pai nunca realizou o registro civil dela, não deixava ela estudar e ter amigos, e a mantinha em constante isolamento.

Ela conseguiu chamar os policiais por meio de um pedido de socorro pelo canal de WhatsApp institucional da Delegacia Regional de Nova Venécia. A ferramenta foi criada recentemente para troca de mensagens internas, entre as instituições, mas foi fundamental para a descoberta do caso.

“Criamos o WhatsApp institucional com o objetivo de facilitar o contato com outras instituições, enviar intimações e atividades do tipo. Nesta terça-feira (29), quando um dos policiais foi verificar o aplicativo, notou que havia mensagens de um número desconhecido, pedindo socorro. Imediatamente acionamos a equipe e fomos até o local”, contou o delegado.

A mulher foi encaminhada para acompanhamento psicossocial no Centro de Referência em Assistência Social (Cras) de Nova Venécia.

O homem foi autuado em flagrante pelos crimes de estupro de vulnerável, estupro e dano emocional à mulher, na modalidade continuada, na forma da Lei Maria da Penha. Ele foi encaminhado ao sistema prisional, onde está à disposição da Justiça.

Os nomes dos envolvidos no caso não foram divulgados para proteger a identidade da vítima.

Valedoitaúnas (g1 ES)