Acusada de aplicar golpes na Ilha do Boi virá ré por estelionato no ES
24 de janeiro de 2024Jhose Campos Alves vivia uma vida de luxo em mansão no bairro nobre e é acusada de dar prejuízo de mais de R$ 1 milhão a mais de 30 vítimas
Jhose Campos Alves – Foto: Reprodução/Sesp
Jhose Campos Alves, de 45 anos, acusada de aplicar golpes contra pelo menos 30 vítimas, somando mais de R$ 1 milhão em prejuízo, se tornou ré pelo crime de estelionato em ação criminal que tramita na 1ª Vara Criminal de Vitória. Ela está presa.
A acusada mantinha uma vida de luxo em uma mansão na Ilha do Boi, área nobre de Vitória. Ela é conhecida como uma das principais praticantes do crime de estelionato em bairros sob jurisdição do 3º Distrito Policial (DP) da Capital.
Jhose também é investigada por possíveis crimes cometidos enquanto ela morava no bairro de Ponta da Fruta, em Vila Velha.
Prejuízo de mais de R$ 30 mil a artista plástica
Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal
Uma das 30 vítimas identificadas pela polícia de ter sido prejudicada pela suspeita é a artista plástica Julyana Ghisolfi Marquette Hulle. Ela afirma ter sido lesada em mais de R$ 30 mil por vendas de quadros que nunca foram pagos pela mulher.
Julyana foi uma das pessoas que compareceu ao 3º Delegacia da Praia do Canto para reaver bens que haviam sido adquiridos pela suspeita. Ao todo, foram recuperadas 11 pinturas que estavam na casa da acusada.
De acordo com a artista, a suspeita utilizou de diversos subterfúgios para não pagar pelas compras: dizia estar visitando o pai no hospital, ou que teria esquecido a chave Pix, até mesmo que a casa em que morava tinha sido assaltada a mulher chegou a alegar.
"Uma vez liguei para ela e ela disse que estava visitando o pai no hospital, mas ouvi o cachorro dela latindo e também a empregada dela chegar perto e perguntar o que queria para o almoço", disse Julyana em entrevista ao Folha Vitória à época da recuperação dos quadros.
Julyana conseguiu recuperar os quadros após outras vítimas se juntarem e realizarem uma pesquisa sobre vida pregressa da suspeita, que apontou que a mulher tinha o hábito de adquirir mercadorias e não pagar por elas.
Todas as vítimas se reuniram e compareceram á delegacia para registrar boletim de ocorrência contra a suspeita.
Quando chegou à delegacia, Julyana foi abordada pela própria suspeita, que pediu a ela para que não a prejudicasse.
"Eu disse a ela que não a prejudicaria, mas contaria a verdade. Ela é uma pessoa extremamente doente, acumuladora. A casa dela tem pilhas e mais pilhas de coisas. Além do closet, ela tem um quarto inteiro só de roupas, sapatos, bolsas".
R$ 90 mil bloqueados por golpe contra idoso
Foto: Divulgação / PCES
A acusada chegou a ter R$ 90 mil bloqueados pela justiça por um golpe contra um idoso. A polícia não detalhou como aconteceu o crime, nem a idade do idoso, mas disse que se tratava também de estelionato.
As informações foram passadas pela Polícia Civil em nota encaminhada à reportagem do Folha Vitória. A suspeita é alvo de uma investigação por parte da Delegacia Especializada de Proteção à Pessoa Idosa (DEPPI).
À época do crime, diversas supostas vítimas, incluindo lojas, realizaram boletim de ocorrência contra a suspeita e uma operação, realizada em dezembro de 2023, na mansão que a mulher morava.
No local, foram apreendidos dezenas de móveis, telas de pintura, pertencentes à artista Julyana Ghisolfi, e diversos itens de decoração, todos provenientes do crime de estelionato.
O titular do 3º Distrito Policial, delegado Diego Bermond, pediu que outras possíveis vítimas compareçam à delegacia para que a investigação possa ser aprofundada.
“Pedimos que pessoas que foram vítimas dessa mulher e que a tenham reconhecido por meio de fotos ou pelo nome, compareçam ao 3º DP ou registrem o boletim de ocorrência de forma on-line para que possamos investigar”, disse.
À época do início das investigações, a mansão em que a suspeita morava foi lacrada e a Polícia Civil informou que o dono do imóvel estava em processo de rescisão contratual e os moradores que estavam na casa, como a enteada e o marido já haviam saído.
O que diz a defesa
Em entrevista ao Folha Vitória, o advogado da suspeita, Marcos Giovani Correa Felix, afirmou que a defesa de Jhose foi baseada em duas etapas: a primeira delas sendo a preocupação por preservar a saúde física e mental da acusada.
De acordo com o advogado, a suspeita sofre de uma série de doenças, como diabetes, pressão alta, uma má formação na coluna, além de ser diagnosticada com depressão e ter passado por uma cirurgia bariátrica.
"No dia da prisão, ainda na delegacia, o que ela me disse é que precisava levar os remédios que ela toma todos os dias para o presídio. No dia da prisão ela tinha consultas marcadas com um cardiologista e um psiquiatra. A coluna dela, para se ter noção, no raio x, aparece em formato de S", disse.
Além disso, Felix afirma que a cliente tem uma compulsão por compras e acaba não se importando com o valor de um item quando sai para comprar alguma coisa e que se algo for oferecido, a suspeita levará para a casa.
Esta condição, de acordo com o advogado, em conversas com amigos e conhecidos, teria um nome: oneomania, que é um quadro de compulsão por compras e adquirir bens e coisas.
"Se alguém oferecer algo de R$ 1 milhão, e oferecer prazo, ela compra. Assim nós identificamos que nenhuma vítima checou o CPF dela, SPC ou Serasa, qualquer órgão de proteção ao crédito, só venderam. Eu não sou médico, mas em conversas com amigos, cheguei a uma doença chamada oneomania, que é a compulsão por compras. Assim como a dependência química, a Jhose tem uma compulsão por comprar".
Por fim, o advogado afirma que o caso da suspeita se amolda mais a desacordos comerciais do que ao crime de estelionato. Segundo ele, Jhose chegou a devolver alguns itens e pagar entradas e parcelas de outros, o que não se enquadra ao perfil de um estelionatário.
"Por regra, o estelionatário não compra algo e dá uma entrada, não devolve. Ela chegou a pagar várias parcelas. O estelionatário recebe algo por uma conta de um laranja, faz algum site fake, ela não fez nada disso", relatou.
Ele informou que Jhose é ré primária e que responde a vários processos cíveis, mas que as vítimas pediam apenas a devolução dos itens comprados por ela.
(Fonte: Folha Vitória)