Acordo com Centrão não garante apoio a Bolsonaro no Senado
23 de agosto de 2020Derrota do governo entre senadores, revertida pela Câmara, expõe fissura na articulação política e aumenta dependência a Maia e líderes do bloco, articulado por deputados
O ministro da Economia, Paulo Guedes – Foto: Marcos Corrêa/PR - 09.06.2020
A derrubada de um importante veto presidencial por uma diferença de apenas 2 votos no senado, esta semana, alertou o governo para um cenário de fragilidade de sua base política na Casa, ao contrário do que acontece atualmente na Câmara. A permissão dos senadores a reajustes ao funcionalismo, no auge da polêmica sobre cortes de gastos, só foi barrada pelos deputados após empenho pessoal do presidente Rodrigo Maia (DEM/RJ) e articulação dos líderes do Centrão, que agiram em socorro ao Planalto.
“O Senado tem uma dinâmica completamente diferente (da Câmara)”, diz um dos aliados do governo, que vê mais autonomia entre seus pares. “Cada senador é uma ilha”, ironiza. Ali, os parlamentares estariam mais orientados por interesses diretos de suas bases estaduais e menos permeáveis ao comando de líderes – clássico método de ação dos deputados. O Planalto identificou o problema: o acordo com o Centrão – um bloco partidário originado na Câmara - não garante apoio no senado.
O episódio ainda deixou sequelas, com desgaste para o ministro da Economia. Atordoado com a derrota, Paulo Guedes declarou que o que os senadores tinham feito era “um crime” contra o país. A exaltação irritou inclusive aliados.
Nesta sexta, mesmo após a correção de rumos dada à questão pela Câmara, senadores fizeram chegar ao Planalto um sinal claro de que este tom não será aceito e “denota que o ministro não compreende as regras do jogo democrático”. Um deles se lembrou que, ao justificar suas dificuldades como negociador político, ainda nos primeiros meses de governo, o próprio Guedes se definiu, durante audiência pública no Congresso, como “animal de combate”.
Valedoitaúnas/Informações R7