Ação bilionária por causa de talco pode fazer a Johnson & Johnson se dividir
19 de julho de 2021A fabricante vem enfrentando ações legais de 30 mil consumidores, que alegam que seu talco e outros produtos derivados continham amianto e causavam câncer
Ação bilionária por causa de talco para bebês pode fazer a Johnson – Foto: Renato Mota
O talco do bebês pode trazer um enorme prejuízo para a Johnson & Johnson. De acordo com a agência de notícias Reuters, a companhia estaria planejando descarregar seus passivos de litígios relacionados ao produto em uma empresa recém-criada – e assim frear dezenas de milhares de processos ao declarar falência.
A fabricante vem enfrentando ações legais de 30 mil consumidores, que alegam que seu talco e outros produtos derivados continham amianto e causavam câncer. Os demandantes incluem mulheres que sofrem de câncer de ovário e outras que lutam contra o mesotelioma, um tipo de câncer de pulmão.
Uma investigação da Reuters realizada em 2018 descobriu que a J&J sabia há décadas que alguns dos seus produtos cosméticos continham amianto, um conhecido carcinógeno. A empresa parou de vender talco para bebês nos Estados Unidos e no Canadá em maio de 2020, em parte devido ao que chamou de “desinformação” e “alegações infundadas” sobre o produto à base de talco.
Apesar de afirmar que seus produtos são seguros e confirmados por meio de milhares de testes como livres de amianto, a empresa enfrenta ações judiciais de mais de 30 mil demandantes. Em junho, a Suprema Corte dos Estados Unidos recusou-se a ouvir a apelação da J&J de uma decisão do tribunal do Missouri, que resultou em uma indenização no valor de US$ 2 bilhões a mulheres que alegavam que o talco da empresa causou seu câncer de ovário.
A empresa, que possui um valor de mercado de cerca de US$ 443 bilhões, declarou em comunicado oficial enviado à Reuters que “não decidiu sobre qualquer curso de ação específico neste litígio, a não ser continuar a defender a segurança do talco e litigar esses casos no sistema de responsabilidade civil, como demonstram os julgamentos pendentes”.
Porém, o plano, de acordo com as fontes da agência de notícias, é que caso um acordo entre as partes não seja firmado, os pleiteantes passem a negociar uma indenização com empresa muito menor, que poderia. Pagamentos futuros dependeriam de como a J&J decidisse financiar a essa nova companhia que abriga seus passivos relacionados ao talco.
Uma lei de “fusão divisiva” do Texas permitiria que a Johnson & Johnson se divida em pelo menos duas entidades. A manobra é conhecida entre os especialistas jurídicos como uma “falência em duas etapas”, uma estratégia que outras empresas que enfrentam litígios relacionados ao amianto têm usado nos últimos anos. Casos como esse geralmente levam anos e quase nunca reembolsam integralmente os credores.
Valedoitaúnas (iG)