38% dos brasileiros serão velhos em 2070. Brasil está se preparando?
25 de agosto de 2024Geriatra explica quais os desafios para o país dar conta do envelhecimento das próximas gerações
Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles
Em 2070, cerca de 37,8% dos habitantes do Brasil serão velhos, conforme estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A projeção é que 75,3 milhões de pessoas terão 60 anos ou mais de idade. Com esse cenário surge a necessidade de entender quais serão as demandas que devem ser atendidas daqui a 50 anos.
O levantamento indica uma expectativa de vida de 83,9 anos para os brasileiros. A projeção é de 81,7 anos para homens e 86,1 anos para mulheres. Os dados foram disponibilizados na publicação Projeções da População: Brasil e Unidades da Federação: Estimativas e Projeções: Revisão 2024, que incorpora dados das populações do Censo Demográfico 2022, além de outras atualizações.
O geriatra e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Leonardo Oliva, explica que a transformação demográfica no Brasil trará desafios gigantescos para o país no âmbito social, econômico e de saúde. Leonardo afirma que o principal ponto será conseguir que a longevidade da população venha com qualidade de vida.
“Para isso serão necessários investimentos em saúde, habitação, transporte e principalmente em políticas públicas que promovam um envelhecimento ativo como uma visão em prevenção e promoção de saúde”, frisa o geriatra.
Segundo o IBGE, essas projeções populacionais são importantes para o cálculo de indicadores sociodemográficos, além de alimentarem as bases de informações de ministérios e secretarias estaduais de diversas áreas, para a implementação de políticas públicas e a posterior avaliação de seus respectivos programas.
Desafios atuais e futuros
A falta de acessibilidade para a população da terceira idade é uma das observações que Elza Rosa, 79 anos, faz. A moradora de Brasília relata ter dificuldade de locomoção, tendo problemas para andar em calçadas, pois tem medo de sofrer quedas.
“O idoso, se for sair de casa para passear sozinho, vai cair porque é tudo estragado, tanto nas vias dos carros como no pedestre”, conta. Outra queixa de Elza é sobre problemas nos coletivos, no qual uma vez ela foi atingida nas costas por uma porta de ônibus que fechou enquanto ela descia do veículo. “Eu acho que, quanto mais cuidado e atenção com os idosos, melhor”, pontua.
O envelhecimento ativo é um dos grandes desafios da próxima geração. Para Leonardo Oliva, a criação de ambientes que fomentem a prática de atividade física, incentivem à alimentação saudável e o engajamento social são essenciais para que a população tenha uma velhice saudável. Ele reforça também a tecnologia como aliada para ajudar nos cuidados das pessoas com idade mais avançada, principalmente nos tratamentos de saúde.
“É muito importante também estimular a participação do idoso nos diversos setores da sociedade. Dando a esses indivíduos um senso de pertencimento de importância de propósito. A vida do idoso precisa ser valorizada. E para isso a gente precisa trabalhar muito com a intergeracionalidade, nada mais é do que colocar no mesmo ambiente pessoas de diversas faixas etárias para que elas interajam entre si e possam se ajudar mutuamente”.
Oliva também alerta para uma mudança no sistema previdenciário, para poder atender a população idosa em 2070. “Quando a gente pensa em Previdência Social, o desafio sem dúvida nenhuma e a sua sustentabilidade. Vamos ter um desequilíbrio entre o número de beneficiários e a população economicamente ativa, em trabalho formal que contribuem para previdência social”, frisa.
(Fonte: Metrópoles)