"Temer o quê? Eu nunca ameacei ninguém", diz Bolsonaro sobre vídeo investigado
11 de maio de 2020Bolsonaro diz que não teme investigação de reunião que foi citada por Moro em depoimento à PF. Vídeo de encontro será analisado nesta terça
Presidente Jair Bolsonaro em coletiva nesta segunda (11) – Ffoto: Reprodução/CNN Brasil
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), afirmou, nesta segunda-feira (11) em entrevista coletiva na frente do Palácio da Alvorada, que não tem receio do que disse na reunião ministerial de 22 de abril, que foi citada pelo ex-ministro Sergio Moro em depoimento à Polícia Federal (PF). "Temer o que? Eu nunca ofendi ninguém, eu nunca agredi ninguém, eu nunca ameacei ninguém", alegou.
Às 9h desta terça-feira (12) em Brasília, gravações da reunião do dia 22 de abril serão exibidas, em sigilo, e analisadas no inquérito do Supremo Tribunal Federal que investiga as declarações de Moro contra Bolsonaro, sobre suposta tentativa de interferência do presidente na PF.
Apesar de afirmar que não tem medo, Bolsonaro não queria entregar o vídeo. "Nós fornecemos o vídeo na íntegra e não precisava oferecer, porque não é um vídeo oficial, é um depoimento reservado", disse o presidente na coletiva.
O presidente afirma que na reunião foram tratados assuntos de política internacional e segurança nacional e por isso não vê sentido em divulgar a gravação da reunião na íntegra. Para ele, apenas seriam exibidos os trechos que dizem respeito à Moro. Contudo, a defesa do ex-ministro defende a importância de que a íntegra do vídeo seja analisado.
"Logicamente, aquilo que foi tratado, caso fosse tratado em uma conferência, não seria tratado daquela forma bruta e sim de uma forma mais polida. Agora é justo expor o que nós falamos de política externa e assuntos de segurança nacional?", afirmou.
Bolsonaro alega que o governo não tem a obrigação de mostrar o vídeo na íntegra, no entanto, a gravação havia sido solicitada pelo STF, como parte da investigação – que pode, dependendo do seu desfecho, levar o procurador-geral da República, Augusto Aras, abrir uma denúncia contra o presidente, apesar disso ser improvável devido à proximidade de Aras com Bolsonaro.
O presidente chegou a afirmar que poderia ter mentido e escondido o vídeo. "Eu podia falar 'não temos mais o vídeo', não temos obrigação. Mas pra comprovar que nada devemos ao inquérito, resolvemos falar. É verdade acima de tudo".
Sobre a exibição do vídeo, nesta terça (12), Bolsonaro diz que espera que seja extraído da gravação "a parte que interessa ao inquérito, para saber se houve uma interferência minha na Polícia Federal ou não", mas que outras partes que não digam respeito a investigação sejam deixadas de lado.
Valedoitaúnas/Informações iG